Hoje de manhã ao levar a Francisca à escola, encontramos a sua professora pelo caminho que logo disse 'Parabéns Francisca! Estás no quadro...' enquanto hesita na palavra eu orgulhosa avanço 'de honra?!' enquanto rasgo um sorriso orgulhoso que quem é mãe reconhece. Mas a professora interrompe e diz 'Não, no quadro dos heróis do dia! Ontem a Francisca impediu que a D caísse e se magoasse a sério!'. A Francisca que caminhava à frente e ouvia bem a conversa, nem se virou. No fim antes de nos despedirmos sorriu envergonhada.
Como todas as mães, eu impulsiono e incentivo a ter boas notas, a estudar. É boa aluna, mas nunca esteve no quadro de honra. Também para ser franca, nunca me importou muito desde que tivesse boas notas e que gostasse de estudar, ler, procurar respostas. Enfim, que se importe pela escola. Mas houve sempre uma coisa que sempre me encheu de orgulho: as inúmeras notas escritas pelas várias professoras desde a creche nas fichas de avaliação 'é muito equilibrada, amiga do outro e tem muita empatia.' Estes traços de carácter, são de facto para mim factores essenciais para que venha a ser uma boa pessoa, uma boa cidadã, uma pessoa feliz.
Mas a humildade com que lidou com a situação, foi para mim uma lição, tivesse sido eu na sua idade teria sem dúvida colocado as 'bocas no mundo', já que não havia facebook na altura e se houvesse a minha mãe não me deixaria ter...! Mas Ela, Ela não é assim. É uma versão melhorada de mim mesma, mais evoluída espiritualmente naturalmente e comprovei-o ao ouvi-la a relatar-me finalmente como tudo aconteceu. 'Mae a D (que é uma menina com necessidades especiais),de vez em quando tem uns ataques que a fazem cair ao chão. Eu disse ao R que ela ia ter um ataque porque estava a fixar muito um ponto e quando estava para cair eu agarrei-a.'.
Sem grandes alaridos, fez o que achou que devia. Nada de especial, só o que tinha que fazer e não achou assim tão importante porque nem me contou inclusivé que no final alguém lá na escola a agradeceu chamando-a de 'heroína do dia'.